sábado, 19 de setembro de 2020

Se Deus me ouvisse.

 Então, minha tristeza pelo nosso velho e malvado mundo se transformou

em melancolia,

que transbordou pelos meus olhos.

As culpas mal guardadas no meu coração sobem até meu cérebro, que tenta

inutilmente 

mostrar minha inocência.

Fico no compasso de sofrimento e compaixão por todo mundo.

Coitadinho daquele rapaz que fica pedindo dinheiro no semáforo 

que não tem nada de seu, 

mas sabe que a vida lhe deve muito, 

então, fica esperto esperando as coisas melhorarem 

e não pula da ponte.

Coitadinho daquele rapaz que fica trancado em seu quarto dentro do condomínio 

de luxo, achando que a vida lhe deve tudo, mas não tem forças para buscá-las e 

procura a ponte mais próxima, porque pulando acha que resolverá todos os seus

problemas.

Coitadinho daquele rapaz classe média que não é pobre nem rico e também fica pensando 

merda o dia todo.

Estamos todos num novo século, eu vim do anterior tento me adaptar da melhor maneira

possível, me acho muito moderno até.

Tenho um misto de visão critica e compaixão.

Mas a miséria e a falta de oportunidade dói em qualquer tempo.

Caminhamos a passos largos para a destruição de tudo que necessitamos para nossa

própria sobrevivência: florestas, mar e ar.

Penso nos que virão depois de nós, nos meus filhos, nos que amo.

Imagino um cenário apocalíptico onde falta de tudo, principalmente compaixão.

Procuro apenas um motivo para estar aqui.

Queria dar uma chance a Deus.

Mas ele não me ouve!

Por isso, às vezes eu paro e penso na nossa surreal existência e choro!