quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Comum.


Seria eu o retrato da fúria?
Tão imperfeito?
Como explicar?
Não insensível, não.
Aéreo, sim.
Um pouco devagar, talvez.
Apaixonado, muito, sim por favor muito.
Estranho, às vezes, muito estranho.
É, no geral sou igual a todo mundo. Comum.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Meus amores.

Meus amores, foram tão intensos, que nessa vida tive que me dedicar somente a um.
Me sujeitar as leis do universo.
Por que ter apenas um amor?
Eu que tive vários.
Sentimento profundo que marca sua vida para sempre.
Não importa o tempo que passe.
Você nunca esquecerá.
Amores queridos que habitam em clausura meu intimo.
Não podemos, compartilhar vida em comum nessa passagem.
Mas eu, egoísta que sou, guardo na lembrança todos vocês.
Formamos nossos pares, aos quais estávamos pré-destinados.
Mas penso que seria feliz com qualquer um de vocês.
Imagina: histórias diferentes, carmas, enfim, outra viagem.
Mas meu navio está bem ancorado e seguro.
Quem sabe da próxima.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Mr.Castell.


Ele está a beira do abismo.
Desliza bem devagarinho por entre meus dedos.
Não quero deixa-lo cair, mas inconscientemente acho que quero.
Não consigo dominar o sono, ops, quase soltei, seguro firme, agora sim.
Mas ele ainda está a beira do abismo, e começo a cochilar de novo.
Está deslizando, acho que vai cair, não consigo segurar.
Caiu.
Quebrou a ponta, vou ter que fazer outra.
Acho que vou tomar café.

Espelho.


Pareço ser de vidro? Pois de vitro não sou.
Nem transparente. Tenho carne, tenho dor.
Hormônios, que instigam, me atiçam para o teu calor.
Mas perto de ti, não me quer. Cega você é.
Me tornei invisível? Ridículo!
Cativo de amor cruel!
Que me mantem distante. Maldita distância.
Quero ser espelho.
Refletir tua arrogância .
Te tornar mais branda.
Diminuir a distância.
Maldita distância.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Olho de peixe.

 
 
   Eu observo as pessoas, tento captar detalhes mínimos que passam despercebidos dos outros. Como  a pessoa se movimenta, se tem toques, se parece tímido, extrovertido, lascivo, etc.....Aí em minha mente eu monto de modo fictício, claro, uma personalidade para cada individuo. Tipo caráter, se é uma pessoa legal, má, se é hétero, se é gay etc.. E imagino essa pessoa com as características atribuídas por mim.
   É muito difícil ter algum tipo de contato com a pessoa em questão, prefiro que isso não aconteça porque às vezes imagino coisas bem extravagantes, mas quando ocorre, invariavelmente, eu acerto.  Estou observando você agora! E sei o que você está pensando! Mas não vou contar para ninguém, afinal é só imaginação, ou não?

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A perereca da Terezinha.


Terezinha : moça simples do interior, muito bonita. Reza a lenda, que já tem mais de cem anos, que Terezinha, tinha uma perereca de estimação que fazia milagres, e resolveu ganhar um dinheirinho. Era só passar a mão na testa da perereca que o milagre acontecia. Só que era muito difícil ver a dita cuja da perereca, muitos tentaram, porém poucos conseguiram. Tal façanha, só os mais ricos. Pra ver era cem contos e pra passar a mão quinhentos contos. Todo mundo que pagava saia satisfeito e curado. Só que o milagre só funcionava para homens, mulheres não podiam ver a perereca da Terezinha para não quebrar o encanto. Mas, como tudo que é bom dura pouco, um dia apareceu um forasteiro com uma cobra, também milagreira, e por dez mil contos passou a cobra na perereca da Terezinha. Desde esse dia, não aconteceu mais milagres e a perereca virou sapa. E a Terezinha fugiu com a cobra, digo, forasteiro.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Boi.


Sou o que sou, nada decido.
Sou lerdo, cansado, marido fodído.

Sou o que sou, nada admito.
Sou comedor, coroinha, marido iludido.

Sou o que sou, peão sacudido.
Monto touro, cavalo, boi garantido.

Sou o que sou, voto vencido.
Sou lindo, sou belo, marido traído.

Já tentei separar, Maria não dá!
Eu começo a rezar pro padre ajudar.
Maria confessa, diz que tem festa, não perde uma missa
O padre Ricardo é quem ressuscita.
Amém.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Sobre a guerra.


 
  Eu era uma criança magricela de sete anos quando os alemães invadiram nossa vila. Sei que eram alemães pelo uniforme. Agora, da vila, não lembro o nome, nem do país. Talvez Polônia, França, Bélgica, não sei. Lembro que estava sempre fugindo. A fome e a sujeira eram absurdas, mortos e escombros por todos os lados, o fedor, abominável. Todos os parentes e conhecidos já deviam estar mortos ou presos, eu estava sozinho. Eles matavam e torturavam para se divertir. Eu morria de medo, o pavor constante.
  Lutei muito pela minha vida, mas eu era uma criança, e como era de se esperar, um dia tentando roubar comida fui capturado. Me bateram e quando se cansaram me deram uma bicicleta e me mandaram correr, quando estava a uma certa distância lançaram uma bomba de gás, ouvi tiros, fui perdendo os sentidos e antes de cair da bicicleta já estava morto.
Até hoje não sei se foi um sonho ou se vivi em vida passada os horrores da guerra. Só sei que, às vezes, durante a noite, tenho a sensação de pavor e de estar pedalando com todas as minhas forças aquela bicícletinha velha enquanto perco os sentidos.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Ô loco!



Luzes e cores múltiplas me ofuscam.
Tento captar sua essência, não consigo, me foge a percepção.
Tento toca-lá mas é intangível. Sons imaginários invadem minha mente, cenas absurdas, vozes... vozes, vozes.
Tá ficando bom, tô voando, agora surfando, ih caí, ainda caindo, muito loco. Puts já acabou?
Vou acender outro.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Meu erro.


 
  Deveria ter te falado tantas coisas de como te amava e precisava de você. Mas fui omisso, burro, tonto, não poderia ter deixado as coisas chegarem a esse ponto. Como pude deixar a felicidade escorrer pelos meus dedos? Como pude te perder?
  Que dor terrível meu coração, tão pesado, lento, nossa história terminou, mas a vida não. O que fazer agora? Olho o mar. No horizonte, a promessa de um novo dia. Quem sabe o que  poderá aparecer no horizonte amanhã. Minha esperança é enorme, mas a razão me mostra o quanto é inútil ter esperança. Fico aqui tímido, pequeno diante do meu erro e sonho. Será que algum dia poderá me perdoar?

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Isso é você.



  Isso é você. Qual o seu problema? Pelos seus olhos já percebo, tua voz me confirma. A dúvida que me fere de morte e me lança no abismo sem fim.
  Isso é você. Faz comigo a mesma coisa de sempre, brincando. Deve haver um modo de parar. Você precisa mudar. Eu preciso mudar. Você é vicio, é dor, alegria, prazer tudo ao mesmo tempo, entorpecendo a mente e escravizando o coração. Você é meu lado mau, fraco, o ser que me domina. Um corpo sem alma. Uma vida sem sentido. Um farol sem luz.
  Isso é você.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Será que morri?

 
 
  "São terras férteis, as montanhas são lindas. Poderás beber e pescar no riacho que corta o vale, lembra-te : só mata para comer" Disse o cara. E foi embora! Um senhor de barba, chapéu e paletó, do jeito que apareceu, sumiu! No mesmo instante que some um aparece outro, um garoto dizendo que estava com dor de dente e me chamando de 'pai'. Pirei.
 "Vai procurar um dentista, garoto, e não sou seu pai." - falei. "É sim e o que é  um dentista?"
   Pronto. Sumiu. E eu pirei de novo.
   Que lugar mais esquisito, não dá  para enxergar muito longe, é tudo cinza o chão é de pedra irregular polida. Meus óculos... cadê meus óculos?! Me sinto diferente, as pessoas não me dão atenção e os doidos que aparecem para falar comigo, logo somem. Pelo que percebi o tempo aqui é mais louco ainda, hora , dia, mês, não tem nada a ver. Você pode adiantar um ano ou retroceder cem, tanto faz. Em algum momento vi minha família mas não me reconheceram, fiquei muito triste, nem sabia que já era avô.
   E aqui estou eu nesse lugar maluco cheio de doido esperando não sei o que, pois quando dou uma escapadinha logo reapareço no mesmo lugar ou me trazem de volta. Sei lá. Me disseram que era para o meu bem, que eu tinha morrido de um ataque cardíaco. Como morri se estou andando, falando e vendo? É  claro que  faz tempo que não sinto fome nem vou ao banheiro, coisas que ainda não vi por aqui, comida e banheiro. Será que tive um ataque cardíaco e estou em coma? Ou morri de verdade? Se isso aqui é a morte é muito chato, muito chato mesmo, quero voltar logo pro mundo dos vivos, se é que isso é possível.