quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Caipira

Agora que os anos de obrigações se foram, quando tenho um tempinho
que me bate inspiração, vou pro meu canto e rabisco alguma coisa.
Alguma coisa sobre uma flor bonita, uma menina faceira, um
por do sol especial, uma manhã orvalhada.
Do que vejo e do que me vai no peito.
Um canário cantando, uma galinha ciscando, gavião voando.
Um pensamento apressado, o coração apertado, uma folha vira uma cortina de garranchos.
Tudo tem sua magica, sua graça, sua razão de ser.
Aprendi com a vida que a beleza das coisas está principalmente
na percepção e boa vontade de quem vê.
Às vezes até a florzinha do capim me encanta, o voo desastrado do filhote.
Soa meio bobo, mas que posso fazer, sou assim mesmo, um caipira sem muita
instrução, que às vezes tem idéias....

Anjos caídos.

Estou impregnado de esperança.
Mas, quão tolos podemos ser? Até que ponto poderemos
ser enganados por nós mesmos?
A vida é uma ciranda de emoções e oportunidades, mas
também de inércia e passividade.
Por que nos é negado o conhecimento total?
Minha mente chega a roçar o inimaginável, o intangível,
alguma coisa que não vejo, mas sei estar lá.
Por que não podemos romper esse invólucro do cérebro,
essa blindagem do saber?
Temos a percepção, a sensação de poder fazer acontecer,
mas só conseguimos migalhas.
Por que somos tão ineptos?
Será que aliens  não programaram direito nosso dna, ou em
uma outra hipótese pelo criacionismo, seria tudo culpa de Eva?
Por que somos quase maravilhosos?
Quase divinos?
Quase perfeitos?
Seríamos, talvez, anjos caídos?
E se formos, até quando seremos castigados?
Quero minhas asas de volta!
Por favor!

Senhorinha.

Pelo gargalo da garrafa, no líquido âmbar
me afogo.
Vosmecê me obriga
Pela brasa do cigarro, sua fumaça toma forma
de carruagem com cavalos brancos, minhas idéias se atrapalham.
Pelo furo da coleira, no buraco da orelha, sons estranhos ouço,
trovões explodindo no horizonte, cego e desorientado, assim estou.
Toda essa demanda sentimental por nada!
Senhorinha não me quer.