sábado, 15 de novembro de 2014

Astronauta.

Estou flutuando no espaço, o cabo arrebentou.
Não sei o que fazer ou onde ir.
Me vejo confuso, perdido, descartado, achado, descartado de novo.
Me falaram que a vida é assim mesmo, dá vontade de ser peixe.
Meu sapo me encara, fica ali me olhando, não entende.
A luz bate no plástico dos seus grandes olhos, parece que vai pular.
Ele tem nome, mas não posso dizer.
Minha beija- flor negra vem na certeza de encontrar comida,
ela tem razão, não me esqueci dela, temos um pacto.
Elvis e Merilyn, estão sempre sorrindo, não importa quantas
voltas o ponteiro dê.
Três borboletas cintilantes camuflam, três buracos no forro.
Será que sou eu que complico as coisas?

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Seis e quinze.

Mulher de macacão vermelho, brilhante e justíssimo, com
a cabeça bipartida, tipo quase duas testas.
Um homem barbudo, cabeludo, de três metros de altura,
roupas comuns.
Outro homem, muito branco, testa alta, crânio muito pequeno,
olhos de réptil, roupas normais.
Esses estranhos personagens estavam voando num objeto que
parecia o chapéu gigante do Zorro, só que vermelho brilhante,
mesmo material do macacão da cabeçuda.
Deram várias voltas, apareceram rodas na coisa, virou uma
espécie de carro e aterrissaram.
Foi assim que fiquei conhecendo os ocupantes do chapéu voador
quando desembarcaram.
Eles tinham um objetivo para descer ali, cercaram rapidamente um
chevette ret verde, velho que estava estacionado e ficaram observando
seu interior.
Morrendo de medo, me aproximei, eles nem ligaram para minha
presença, acho que fizeram algum tipo de mantra ou oração, dizendo
que o sol explodiria e que a raça humana seria exterminada, me pareceu
a ameaça básica dos filmes de ficção.
Mas eu estava mais curioso do que medroso, por incrível que pareça
queria saber o que tinha dentro do chevette, para merecer a atenção dos
alienígenas
Não tinha nada nos bancos do carro, mas no painel do motorista tinha um
monte de brasas, isso mesmo: brasas de fazer churrasco.
Ai eu indaguei o gigante:
"Só tem brasas?"
Ele me olhando como se eu fosse um verme disse: "sabe de nada inocente!"
Depois dessa eu fiquei muito puto, tão puto que acordei.

domingo, 9 de novembro de 2014

Gostosa.

Temos visitas, Emerlinda fica toda ouriçada,
Sebastião, o dono da casa, leva as visitas para um
tour pela propriedade.
Emerlinda fica só filmando os convidados.
Logo que vê Emerlinda, Sebastião a mostra aos amigos.
A cobiça toma conta dos convidados, o olhar
altivo de Emerlinda, o peito farto, as coxas grossas e torneadas,
sempre foram motivo de inveja das amigas.
Todo mundo quer comer Emerlinda, e é isso mesmo que acontece.
Exatamente as dez e trinta, Sebastião vai até o quintal pega Emerlinda
pelo pescoço e adeus mundo cruel, já era.
O galo ficou de luto uma semana, não deu um pio.

Feliz esquecimento.

Agora que está curado, ele tenta lembrar do seu rosto,
do tom de sua voz. Mas isso passou.
Queria também saber suas vontades e gostos, mas já não
vale a pena, seu numero, seu cep, quem liga?
Se tinha planos, se queria ser alguém, não importa mais.
A única coisa que sabe que é cruel, perversa e que demorou
muito tempo para esquece-la.
Nem nome tem, seu subconsciente deletou do universo
essa coisa ruim, ele pode viver agora.
Curou-se totalmente da doença com um remédio tão
simples, que até guardou a receita: Amor próprio.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Agenda da roça.

Hoje o dia vai ser uma belezura, o céu tá estreladinho.
Graças a Deus.
Vai rende o serviço da roça, vou ponha um pouco de lenha
no fogão pra passá um café, arrumá minha marmita e come
o resto pra dá sustância, vô dá um susto no barnabé, que é meu
galo de estimação kkk. Colocar mio pras galinhas, cuidá das criação
e das plantas aqui de casa, tem que ser ligeiro, quero pegar o sor, lá
na roça.
Quero adiantá o serviço,porque amanhã vou consertá o chiqueiro,
capais inté deu i visitar os parente, es ficá preocupado deu morá sozinho
aqui no meio do mato, eu num preciso de quase nada, tenho meus remédio
de mato, minha horta, minhas criação, tenho saúde, graças a Deus, levo um
vidão, bão demais.
Só farta a Rosa vir morar comigo.
Depois de amanhã eu num vou faze é nada, só vô ficar olhando as galinha
ciscá ai pelo quintal, os passarinho cantando, depois vô pegá uns peixinho.
Vô faze minha janta mais cedo, porque quando escurecer pego minha
cadeira e coloco no meio do quintal pra ficar vendo as estrela, de veiz em
quando aparece uns trem doido no céu, mais é tudo coisa de Deus.
Graças a Deus.