quinta-feira, 29 de junho de 2017

Celeste.

Eu não sei onde ir.
Não posso chegar lá sozinho.
Sempre seguir sem descanso.
Me ajude a entrar!
Não, não, não...
Nunca mais me diga isso!
Minhas lágrimas são o sal.
Meus olhos viram pedra.
E então você está só!

Diário imaginário.

Você passa muito tempo atrás das suas verdades, pois fique sabendo
que elas não existem.
E... se existissem... não valeriam nada!
O que você ouve, come ou vê... é só mais uma ilusão.
Mas o que te mantém vivo é acreditar nelas, isso eu entendo.
Já que a realidade está um sonho ruim... invente para você um sonho
bom, onde você tenha o controle.
Nem que seja só por alguns minutos, uma fuga, um refúgio.
Não podemos bater de frente com a vida a todo momento.
Se você cria um portal, onde você tenha lá suas melhores lembranças e seus
projetos de vida, é uma coisa legal e só você tem a chave.
Como um diário imaginário!
Hoje escrevi no meu.
Lembranças capazes de me tirar um suspiro de saudades, só as suas. Músicas que me marcaram, aquelas que ouvíamos juntos, o cheiro de almíscar. O amor novo! Selvagem! Puro e duro a si mesmo!
Queríamos tanto que desse certo...
Mas falhamos com nós mesmos pelos excessos... ciúmes... cobranças...
Insegurança.
Pena um amor tão grande sucumbir a si mesmo por falta de maturidade.
Tivemos medo?
Éramos tão jovens... como lidar com isso? O que esperar da vida naquela época?
Não tínhamos nada... nem um diário imaginário!

Porta retrato.

As paredes do quarto me sufocam.
O sorriso que vem do porta retrato mal iluminado zomba da
minha solidão.
Fico acordado imaginando vultos, bem que poderia ser você chegando...
Mas não é!
Minha situação é critica, se fico acordado penso em você, se durmo você
entra em meus sonhos.
O porta retrato fica ali, me olhando.
Já pensei seriamente em atirá-lo pela janela e me livrar desta última lembrança física.
Cadê coragem?
E ainda teria que sair na chuva para pegá-lo de volta.
Faz frio, relâmpagos iluminam seu sorriso que agora é fantasmagórico.
As paredes parecem se mover.
Tudo mudou, eu mudei.
Sou um estranho em meu próprio quarto.
Quem te abraça na foto não sou mais eu, acho que me perdi de mim mesmo.
O porta retratos pertence a esta casa, ele fica, sou eu que preciso ir em busca de um futuro.
Minha verdade esta lá fora, na chuva a minha espera, eu só preciso ir...só preciso...

Vénus.

Procuro respostas na brisa, mas ela só me dá prazer ao passar por mim,
respostas não.
Como uma manada de cavalos imaginários que cavalgam sobre as ondas,
destruindo ilusões com seus cascos,  pego-me mais uma vez em contradições
sinceras.
Como um mar que se abre, você me engole e me cospe, que forças me sobram
para fugir de um anjo com garras?
Caminho dilacerado mais uma vez até você, que me abraça e conforta, até que
minha alma imortal volte ao meu corpo.
Sou apenas um vórtice sem rumo, em suas mãos... perco... acho... perco novamente.
Te orbito mas não te toco.
Você, minha adorada vénus, tão maliciosa e má como uma adolescente rebelde.
Essa noite quebraremos todas as regras, seremos iguais, apenas por hoje!