quarta-feira, 11 de abril de 2018

Não existe lugar melhor do que aqui.

Havia um lugar onde o vento se perdia, na bifurcação da estrada, que
não levava a lugar nenhum.
Pessoas iam e vinham, tristes, confusas, chorosas, e definhavam ali mesmo.
Uma flor lilás, que nascia no asfalto, era pisada todos os dias, todos os dias.
Ali, morreram uma mulher e um homem. Não pise em suas sombras, elas servirão
para atormentar seus assassinos.
Um circo de horrores, com pessoas perfeitas e lindas.
Não existe lugar melhor do que aqui.
Também tinha um rio feito pela chuva, de águas turvas e abundantes, que
levavam tudo em seu caminho, de volta, outra vez, para o esgoto.
O mesmo buraco lamacento e fétido, de onde saíam os mortos, os quase mortos,
e os vivos desesperados.
A voz do Salvador lhes dizia que tudo ficaria bem, que estava tudo certo, e lhes
jogava um bocado de promessas...
e perdiam a memória de novo.
Voltavam pelo mesmo caminho que tinham vindo, só que agora carregando suas cabeças
embaixo do braço.
Não existe lugar melhor do que aqui.
Agora no meio disso tudo, vamos colocar um sol. Sim, um sol, um sol que limpa e
desinfeta tudo.
Uma estrela de luz e calor, vida e alegria, afinal: não existe lugar melhor do que aqui.
Sentado escrevendo!

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