sexta-feira, 3 de julho de 2015

Olhar adolescente.

Ela contou ao garoto que estava com uma calcinha
imaculadamente branca.
Eles estavam nas escadarias do correio, fumando e
jogando conversa fora.
O povo que saia da missa  passava por eles e encarava-os
como espécimes exóticas.
A estranheza era reciproca.
Para os adolescentes, serem observados era o fim da picada,
e mesmo depois de irem para suas casas, as pessoas ainda
espiavam a praça pelas frestas das janelas.
Os garotos e garotas ficavam lá, na deles, imaginando o
quanto eram patéticas aquelas pessoas, que a cidadezinha
onde viviam era um atraso atrás do outro, se teria alguma
novidade na próxima semana.
Enquanto nosso garoto saia do mar de adrenalina e hormônios
e voltava ao mundo real, não parava de se perguntar, será que
ela disse a verdade?

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