sábado, 25 de julho de 2020

Como queria que chovesse agora!

Minha vida por um olhar atravessado.
Meu amor por palavras não ditas.
Meus pensamentos no seu tempo, não no meu.
Toda minha dor por um simples sorriso seu.
Toda ira, toda mágoa, toda saudade indo embora.
O esquecimento dentro do esquecimento, o vazio absoluto.
A graça alcançada.
Mas não!
Mundos que se separam, mas não se esquecem.
Não há flores por todo o caminho.
Nem futuro, nem esperança.
Nem sonhos, pois ficaram muito velhos.
A carne está passada e repassada pelas eras, num umbral onde não
bate sol.
Só o vento do norte, frio, sombrio, que passa entre meus ossos.
Fora meus devaneios, tudo mais é nada, tudo é cinza.
Já que não tenho mais as cores, queria uma chuva divina que me levasse embora.
Como queria que chovesse agora!

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