segunda-feira, 23 de maio de 2022

A sombra.

Estou passando em direção ao norte.

Minha alma se rasga em ventos cruzados.

Quem sou eu, senão um cisco no meio da tempestade do deserto.

Filho das monções eu sou.

Muito instável, mas necessário a vida.

Te digo que te amo.

Mas que não preciso de ti.

Mesmo que eu sofra calado, que rasteje à noite no meu quarto, 

lambendo o piso onde você andou.

Sentindo o que resta do perfume que você deixou.

Você esqueceu sua sombra aqui.

Aquela que tanto amo.

Que tanto odeio.

Que me lembra você cada segundo do meu dia.

Minha alma agora vai em direção ao leste.

Que novos ventos me levem para longe, muito longe,

de sua sombra!

Tudo isso porque ainda é noite.

E a noite é uma criança malcriada!

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