quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Banho de bacia.


O banho de bacia era um ritual muito comum na década de setenta.
Eu digo "ritual" pois exigia toda uma preparação.
O primeiro passo era pegar água no poço, mais conhecido como cisterna ou simplesmente um buraco profundo de onde se retirava água, com uma corda amarrada em um balde.
O Segundo era esquentar essa água, a quantidade dependia do número de pessoas que iriam tomar banho. No nosso caso cinco pessoas, minha querida irmã não era nascida. Muita água era esquentada em todo tipo de recipiente, alguns inusitados, melhor nem falar.
Outro item importante era o fogão. O nosso já era a gás, acho que era um continental com aquela mangueirinha meio roxa azulada, bem vagabunda mesmo, um verdadeiro milagre aquela merda não explodir.
Após tudo isso começava o verdadeiro desafio de minha mãe: colocar a filharada pra dentro de casa.
Filharada que passou o dia inteiro brincando na rua de terra em frente de casa.
Tinha dia que minha mãe nos reconhecia pela voz, porque só aparecia o branco do olho, o resto tudo encardido de terra. Punha-nos em fila na porta do banheiro e começava o banho, água quente e água fria para temperar. Pegava o primeiro e punha dentro da bacia, jogava uma água para ir amolecendo a sujeira, depois esfregava tudo com sabão e bucha, aí com uma canequinha enxaguava e enxugava a primeira vítima, jogava o lodo da bacia fora e repetia o processo.
A grande apoteose mesmo de um banho de bacia era quando estava muito quente e nós ficávamos brincando dentro dela. Era uma bagunça e, se tinha uma coisa que eu e meus irmãos sabíamos fazer,era bagunça e sempre estávamos levando umas chineladas.
O tempo passou, inventaram o chuveiro, ligaram água e luz lá em casa e o mundo ficou lindo.
Só que apesar das dificuldades, tem momentos que sinto um pouco de saudades daquela época , só um pouco. Principalmente quando está frio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário