terça-feira, 24 de junho de 2014

Anjo negro.


Amparada por policiais, parecia perdida, pois o efeito da droga estava no auge.
Quando passei olhou para mim.
Tenho certeza que não me viu, fitava o vazio.
O problema é que eu mergulhei no seu olhar.
Fui sugado para o seu mundo de dor e tristezas.
Onde pessoas tentam secar o oceano com um conta-gotas.
Ou escalar uma parede de vidro com as mãos sujas de óleo.
Pessoas apáticas, patéticas, que só pensam em seu circulo vicioso.
Quem dera pudesse ajudá-las.
Mas não querem ajuda, não entendem, eu também não.
Parece que estamos todos presos a sapatos de concreto.
Não vamos à lugar algum.

O anjo caído é negro.
Sua vontade é negra.
Tento subir a superfície.
Me seguram os pés.
Me debato em vão.
E afogo-me em meus pecados.
Me entregando de vez a escuridão.
O anjo negro regozija-se, nas profundezas.

Um comentário:

  1. Gostei mais da segunda estrofe. Ela é frenética e uma pancada. A primeira estrofe tem imagens boas, mas é muito argumentativa.

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