quinta-feira, 26 de agosto de 2021

O meu trem.

Sigo o trilho, que o brilho é frio.

Desgastado pelo uso, abuso.

Reluz a mancha de óleo nova.

Porque a velha já foi coberta pelo pó há muito tempo.

Na brita quente caminho descalço sem tocar o aço escaldante.

Caminho nu, pois já me despi de todas as convenções, inclusive as roupas.

Meu dinheiro dei aos loucos.

Mas que bonito esse caminho.

Eu poderia de bom grado viver ali, naquela casinha abandonada

cheia de árvores em sua volta!

Dá pra ver onde era o jardim.

Já que estou fantasiado de Adão!

Como seria?

Eu teria que sair dos trilhos.

E conviver com lembranças amargas e tristes!

Não preciso mais desse tipo de coisa.

Sempre fui muito prático.

Tenho vontade que venha logo o meu trem.

Um apito espanta o silêncio.

Que me leve embora.

Não para outro lugar.

Mas para outra vida!

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